Arte e cultura revivem o prédio do antigo Dops, no centro de São Paulo
O antigo prédio do Dops - Departamento de Ordem e Política Social, no centro da cidade de São Paulo, foi cenário de um dos piores momentos da história do Brasil. Era para lá que os presos políticos eram levados, durante a ditadura militar, para serem interrogados, torturados e, em muitos casos, mortos pelo sistema autoritário que regia o país. Foi no prédio localizado na região da Estação da Luz que, sobretudo na primeira metade da década de 1970, homens e mulheres viveram e presenciaram cenas de violência inimaginável, que o tempo ainda não conseguiu apagar.
As reações dessas pessoas, vítimas da tortura e dos pesadelos da ditadura militar, são as mais diversas ao visitarem novamente o prédio, transformado em centro cultural, que agora abriga o Memorial da Liberdade e em breve também o Museu do Imaginário do Povo Brasileiro. Os que não viveram esse momento da história também não deixam de sentir a presença do passado, fortemente impregnado das paredes do antigo Dops.
Originalmente, o edifício foi projetado em 1914, por Ramos de Azevedo, para ser uma estação ferroviária. Abrigou desde 1935 o Dops, criado em 1924 como uma ferramenta de controle para os movimentos sociais considerados perigosos para a ordem nacional, entre eles o anarquismo e o sindicalismo. Uma série de personalidades, nas mais diversas épocas, ficaram sob os olhos do Departamento, como a cantora Elis Regina, os escritores Monteiro Lobato e Oswald de Andrade, a artista Anita Malfati, a militante e escritora Patrícia Galvão, a apresentadora Hebe Camargo e o Cardeal D. Paulo Evaristo Arns.
Completamente reformado e recentemente inaugurado, o prédio abriga a instalação Intolerância, do artista plástico Siron Franco e as exposições Cotidiano vigiado - repressão, resistência e liberdade nos arquivos do Dops 1924-1983 e Cidadania - Declaração Universal dos Direitos do Homem, em homenagem aos 200 anos da declaração.
Além da beleza do edifício, que já vale a visita, o centro cultural é ponto obrigatório para aqueles que não desejam deixar morrer a lembrança dos anos de chumbo do Brasil e, principalmente, para os mais jovens descobrirem o valor da democracia.
Antigo Prédio do DOPS - Praça General Osório, 66.
Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 10 às 17 horas.
Informações: (11) 223-5217
Entrada franca.