12 de abr. de 2010

Como cidadã fiz parte da história..

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Hoje venho a declarar minha história, que a muito tempo tento contar, mas por conta dos preconceitos, não me colocava. Agora sei que acredito que nós temos uma missão a cumprir e como nosso Presidente Luís Inácio Lula da Silva, que por conta do Silva, não somos parentes, mas temos algo em comum, lutar pela igualdade, somos considerados como pessoas "difíceis, mas sabemos como é dura a miséria.
O que tem a ver a minha história com a do Presidente ?
Bom! Assistindo ao filme pude rever como fazemos parte realmente da história. Me reportei aos anos 80, quando meu pai foi preso como grevista, nessa época estava começando a entrar no mundo das letras e era uma criança contente e feliz, sempre me lembrava cantando o Hino da Bandeira em minha cidade natal de São Bernardo do Campo, mas não sabia o que era a ditadura, greve, mas já sabia sobre inflação, onde todos os dias ir ao supermercado era um martírio para minha mãe, pois os preços das mercadorias sempre custavam cada dia mais. E bem neste momento, é que a história se inicia.
Meu pai era um jovem com muita vontade de vencer vindo de uma família simples, seus pais e oito irmãos, onde uma das irmãs falecida. Saiu do interior de São Paulo, para capital a procura de oportunidade , para ter uma qualidade de vida e como seus pais viviam na roça, não tinha muitas chances.
Trabalhou em muitos lugares, serviço puxado, mas com vontade e determinação, terminou sua escola primária e ginásio, e depois fez técnico, onde começou a trabalhar em metalúrgica no grande ABC. Casou-se e como estava bem em sua profissão teve filhos onde eu era a primogênica e mais dois irmãos. Mas com as greves pelos metalúrgicos, tudo mudou em minha vida.
Num certo dia do ano 1980, meu pai iria trabalhar e sabendo dos conflitos pela greve, minha mãe orientou ele para não ir, mas não ouviu e foi pego pela polícia militar , e preso no Dops , junto com outros grevistas no mesmo período que Presidente Luís Inácio Lula da Silva, que antes somente Lula ao lado de sua cela, onde meu pai contou , ele sendo escoltado , pelos militares ao ver sua mãe, ser sepultada, e ao assistir o filme me recordei que meu pai estava naquele exato momento, fazendo parte da história e que no final do filme mostra Lula voltando e imaginando ele preso naquele momento. Dali em diante, minha história muda de rumo.
Meu pai é solto e consequentemente demitido por justa causa, tendo que logo se mudar junto com sua família e voltar para o interior, pois estava difícil a sobrevivencia no Grande ABC, a qualidade de vida decai, ficamos de favor em casa de parentes, ganhamos roupas usadas e grandes para usar, sapatos apertados que tinha para ir a escola.
Na cidadezinha a atual cidade do lobisomem Joanópolis, era tão pequena, tinha uma venda e parecia mais um boteco, mas a pobreza me mostrou o outro lado da vida, me fez conviver com pessoas deficientes e ver que são felizes, e junto ao meu pai experimentar o trabalhar na roça, cortar cebolinha, arrancar feijão do pé, abanar arroz, a tomar café com leite frio, arroz com feijão e ovo frito gelados na roça. A viver de forma humilde , visitar os doentes com vizinhos que tinha e ainda tem esse costume. Brincar de faz de conta , com barro, na chuva , de casinha, circo , restaurante, queimada, taco entre outras brincadeiras. Aprendi muito vivendo neste mundo cheio de simplicidade, amor e compaixão pelo irmão.
A pouco tempo atrás culpava muito da educação que meus pais , tinham dado para mim, hoje vejo que deram o melhor , depois de muito tempo com muito sacrifício e de minha família, fiz o magistério para ser professora, logo casei e me formei em História, que na verdade queria muito para dar aula para Geografia pois teria licenciatura curta, mas hoje vejo que não foi por acaso que me formei em História, e não tinha consciência que fazia parte dela.
Depois de muito tempo, vi que realmente fazer parte da história ser " sacrificada" uma vida por benefício do coletivo valeu a pena.
Sou realmente uma pessoa como dizem "difícil ", mas de certa forma vemos que aprendemos muito com o tempo e o que queremos é chegar em um acordo, lutar pela igualdade, ter direitos mediante ao diálogo, sempre vendo os dois lados . Acredito que não estou aqui a toa, já passei por uma terrível depressão e se estou aqui é para um bem comum, não querendo tomar nenhum partido, mas respeitar pontos de vista de todos e chegar a um resultado positivo.
Desde já muito obrigada!!!
Historiadora - Cláudia Aparecida da Silva.
contato : prof_claudia@hotmail.com

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