15 de jan. de 2010

A Pinacoteca

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Histórico da Pinacoteca

A Pinacoteca do Estado é o museu de arte mais antigo da cidade e certamente um dos mais importantes do país. Nasceu no prédio inicialmente construído para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Por isso, a história da Pinacoteca confunde-se em seus primórdios com a implantação do Liceu, e sua presença no edifício – conturbada por uma série de eventos históricos, como os conflitos de 1930 e 1932, além de reformas – alternou-se com transferências temporárias para outros locais, como o prédio da Imprensa Oficial e o pavilhão no Ibirapuera.

No momento de sua inauguração, que se deu em 24 de dezembro de 1905, o acervo da Pinacoteca consistia em 26 pinturas de importantes artistas que atuaram na cidade, como Almeida Júnior, Pedro Alexandrino, Berthe Worms, Antonio Parreiras e Oscar Pereira da Silva, oriundos do Museu Paulista (então Museu do Estado). Nos seus primeiros anos, a Pinacoteca ocupou uma única sala no terceiro piso. Não era ainda um órgão autônomo em relação ao Liceu, o que só aconteceria em 1911. Durante suas primeiras décadas de existência, a Pinacoteca voltou-se à ampliação de seu acervo, com ênfase na arte brasileira do século XIX. Contudo, este perfil começa a mudar a partir 1967, com as gestões de Delmiro Gonçalves, Clóvis Graciano e Walter Wey, quando se iniciaram as reformas do prédio, ampliaram-se as atividades do museu e mudaram os critérios de escolha de obras, que passou a ser feito pelo Conselho de Orientação da Pinacoteca, criado em 1970. A partir de então, a significativa coleção de arte brasileira do século XIX passava a ser complementada, pouco a pouco, por obras representativas de períodos posteriores.

Uma série de profícuas gestões, contribuiu, cada uma a seu tempo, para o enriquecimento do acervo da instituição e para sua adequação às condições museológicas de excelência, que hoje tornam a Pinacoteca um museu de referência internacional. De um espaço restrito a especialistas, transformou-se em espaço de inclusão, recebendo os mais diferentes segmentos da sociedade. De uma única e imutável exposição com obras do acervo, evoluiu para um programa de mostras temporárias sobre as mais variadas questões de arte e da cultura, associado a mostras de longa duração com trabalhos de seu acervo. De um corpo funcional composto por um conservador, como estipulava sua regulamentação de 1911, passou a contar com um quadro com mais de 50 técnicos e cerca de 100 funcionários, todos altamente qualificados. Redimensionou seu relacionamento com a escola formal, conquistando um papel de aliança e complementaridade. No lugar do trabalho amador, ainda que dedicado, colocou a museologia como referencial científico para propor e implementar suas políticas. De uma iniciativa isolada do Estado, constituiu-se em ação articuladora das esferas pública e privada.

Neste contexto, celebrar o primeiro centenário da Pinacoteca do Estado de São Paulo se configura como o momento ideal para uma necessária reflexão sobre sua atuação. Ao longo destes 100 anos, o balanço de realizações é significativo.: um acervo de mais de 8 mil obras, nas mais diversas técnicas e de diferentes autores, que oferece um dos mais abrangentes panoramas da arte brasileira dos séculos XIX e XX; alguns milhões de visitantes (mais de um milhão somente nos três últimos anos); dois prédios com mais de 20 mil m2 de instalações técnicas adequadas: o centenário edifício da Luz, onde foi criada, e, mais recentemente, o antigo prédio do DEOPS, atual Estação Pinacoteca; centenas de publicações que se constituem em referência básica da história de nossas artes visuais; centenas de mostras que revelaram e consagraram criadores e obras as mais distintas; conhecimento e experiência consolidados em todas as áreas do campo museológico, da conservação e restauro à educação para públicos especiais.

Para além desses indicadores concretos, há um universo impossível de ser dimensionado. Uma das responsabilidades fundamentais do museu de arte na atualidade é educar o olhar e sensibilizar o espírito, criando as condições indispensáveis para o exercício completo da cidadania. Mas a grande tarefa do museu contemporâneo, nesta era virtual, é ainda, reafirmar a individualidade, o espiritual, o homem como agente criador, único e insubstituível. É para enfrentar este desafio que a Pinacoteca do Estado se repensa e se amplia incessantemente, preservando o passado e acolhendo o futuro.

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