5 de abr. de 2009

A IMPORTÂNCIA DA REUNIÃO DE PAIS

,
A página de hoje fala sobre a importância da
reunião de pais e da participação das famílias
dentro do projeto educativo da escola
A educadora Zélia Cavalcanti dá dicas para os
professores de como aproveitar ao máximo o
encontro com os responsáveis pelos alunos
Sexta-feira, 18 de abril de 2003 DIÁRIO DO GRANDE ABC 3
Coordenação pedagógica – Luciana Hubner Edição – James Capelli Diagramação – Alexandre Elias Diário na Escola – Santo André é um projeto do Diário em parceria com a Secretaria de Educação e Formação Profissional de Santo André.
“O trabalho junto aos pais ou responsáveis
pelos alunos da rede municipal de Santo André
é considerado de suma importância para
todo o processo pedagógico vivenciado nas
unidades escolares. Para tanto, cada Emeief e
Creche organiza uma diversidade de atividades
que envolvem direta e indiretamente as
famílias dos alunos.
Os pais participam de algumas aulas dependendo
dos projetos desencadeados, organizando
jogos, trazendo relatos culturais e
diferentes informações que são trabalhadas
nas atividades escolares.
As reuniões de pais são bimestrais e os
pais, além das reuniões organizadas no calendários
escolar, participam de palestras de
interesse da comunidade em geral e da escola
de pais – onde é trabalhada a relação entre
pais e filhos, as questões de saúde e de educação,
entre outros temas.
Como atuação formal, a rede municipal
tem os Conselhos de Escola que participam da
gestão escolar junto à equipe de coordenação,
professores e demais funcionários de
cada unidade escolar.”
Maria Helena Fonseca Marin
Assistente do diretor doDepartamento de
Educação Infantil e Fundamental da Secretaria
municipal de Educação e Formação Profissional
Areunião de pais é um importante
instrumento de aproximação entre
a família do aluno e a escola. “Não é
o único e tão pouco o mais
importante dos instrumentos, mas
pode ser fundamental para que os
pais se aprimorem como
educadores dos filhos e compartilhem com os
professores e com outros pais, as dificuldades,
desafios e soluções da educação”. A afirmação
é da educadora Zélia Cavalcanti,
coordenadora pedagógica e uma das
fundadoras da Escola da Vila, em São Paulo.
Para ela, a importância das reuniões entre
pais e mestres está ligada diretamente ao
projeto educativo que a escola adota. Se o
trabalho ficar restrito aos conteúdos formais,
os professores podem simplesmente prestar
conta aos pais do que ensinaram para as
crianças. Porém, se o trabalho for mais amplo,
as reuniões assumem um outro sentido e
podem ter outros objetivos também.
Portanto, as reuniões revelam como o
projeto adotado pela escola pensa a educação.
“No caso de um ensino voltado só para a
aprendizagem de conteúdos das disciplinas
formais, o pai vai à escola simplesmente para
saber o que os filhos aprenderam e a escola se
organizará apenas para mostrar o quanto
ensinou. Os pais podem entender que seu
papel se restringe à cobrança da aplicação do
currículo, do conteúdo das disciplinas”, disse.
Por outro lado, quando o projeto é mais
amplo, preocupado com a formação de
cidadãos, o encontro entre os professores e os
pais também é mais amplo. E as reuniões se
tornam momentos em que pais e mestres
podem realmente assumir uma parceria na
educação das crianças.
A equipe pedagógica da escola tem pontos
de vista comuns com os das famílias no que diz
respeito à educação. A troca de experiências é
fundamental. A parceria entre pais e escola,
quando está afinada, pode contribuir para a
formação cidadã dos alunos e solidificar a
construção dos conhecimentos.
“Estabelecendo um objetivo comum, em casa e
na escola, de formar pessoas melhores para a
sociedade”, afirmou.
Sedução – Os professores podem estreitar as
relações com a família através de bilhetes
enviados para casa explicando as tarefas
solicitadas aos alunos. “É importante o pedido
para que os pais participem do processo
educativo dos filhos. Quando são convidados
para uma reunião, os pais devem sentir prazer
em participar. Não se trata dos professores
serem amigos dos pais, mas de conseguirem
deixar clara a importância da participação.
Para, com isso, gerar uma empatia educativa.”
O primeiro passo para chegar nessa
cumplicidade é tomar cuidado para que os pais
não se sintam obrigados a ir às reuniões.
“Hoje, por exemplo, usa-se como recurso
desenvolver uma atividade em aula com os
alunos para que seja entregue para os pais
durante a reunião. Assim as crianças exercem
uma pressão para que os pais compareçam.
Mas essa estratégia pode atuar contra, porque
os pais se sentem obrigados e pressionados a ir
até a escola.”
As reuniões devem acontecer
preferencialmente no período noturno, devem
ser sucintas, com uma pauta clara, que
explicite os assuntos que serão abordados e
que precisa ser enviada às famílias com
antecedência. “Dessa forma, os pais sabem o
que o professor quer realmente conversar com
eles.” Deve-se estabelecer um diálogo franco
entre os pais e professores dos alunos.
Os pais precisam entender que ao ir à
reunião eles ouvirão os professores e também
outros pais que muitas vezes passam pelos
mesmos momentos e dificuldades
educacionais que eles. A reunião precisa se
tornar um espaço de convívio entre os
diferentes educadores (os responsáveis devem
ser vistos com educadores) onde são tratados
assuntos comuns a todos eles. “Não pode ser
apenas os professores contando para os pais o
que fizeram.” Segundo a educadora, os
professores devem pedir para os pais sugestões
de temas para serem abordados nas reuniões.
Mediação – Zélia afirmou que é importante
que outros membros da equipe pedagógica
participem das reuniões. “Coordenador,
orientador ou a própria direção”. Ela
argumentou que esse educador pode servir
como mediador entre pais e professores em
situações de desconforto, quando, por
exemplo, algum pai venha a questionar a
permanência na classe de uma criança com
dificuldade de aprendizagem ou muito
indisciplinada. “A relação entre pais e
professores tem uma intimidade que deve ser
preservada e quando há questionamentos é
interessante haver alguém que retire a questão
do fórum de debates e dê espaço para os pais
falarem ou até criticarem as posturas da escola
de uma forma mais individualizada.”
De acordo com a educadora, os pais são
atraídos para a escola quando percebem que
têm voz ativa, que são ouvidos pela equipe e
que há retorno para as dicas e queixas deles.
Sobre o contrato didático firmado entre o
professor e seus alunos, no qual os educadores
se comprometem a ensinar, a participação dos
pais é de ajudar no bom andamento dessa
relação. “Os pais são co-responsáveis pela
educação dos seus filhos. Se acham que a
escola não vai bem, precisam ajudar a
melhorá-la”, disse.
Para Zélia, os pais colocam os filhos em
determinado estabelecimento porque
escolheram aquele lugar. Mesmo no ensino
público. Portanto, devem se apropriar dessa
escolha e participar do projeto desenvolvido
ali. Um projeto educacional não é só da escola,
é do país. “Os pais precisam tomar consciência
de que os filhos deles estão dentro deste
projeto e que, portanto, como responsáveis
pelas crianças, devem acompanhar o processo
educacional e não só vigiar.”
A educadora disse acreditar que os
professores, por seu lado, precisam
compreender bem a realidade do entorno da
escola para ajudar os pais a ser parceiros das
famílias dos estudantes.
Zélia acrescentou que há professores que
consideram os pais ausentes na educação dos
filhos, pois delegam à escola toda a obrigação
da educação. Ela afirmou que, diante do
cenário e exigências de trabalho atuais,
realmente é difícil para pais, avós e
responsáveis encontrarem tempo para a
educação dos filhos. “Não é que eles não
amem as crianças; mas sim, que precisam
trabalhar para sustentar a família”, disse.
Nesse contexto, os professores precisam ser
compreensivos e tentar restabelecer a relação
entre a casa e a escola e aproximar os pais,
dentro das possibilidades de tempo que eles
disponham, da educação de seus filhos.
Aproximação – O caminho, de acordo com a
educadora, é promover projetos com os alunos
que envolvam os pais. Por exemplo, ela cita um
projeto em que eram solicitadas fotos e objetos
antigos da família, bem como que os familiares
e responsáveis ensinassem brincadeiras
antigas e até mesmo receitas tradicionais para
os estudantes levarem para a aula. O
resultado, segundo Zélia, superou as
expectativas. O envolvimento dos pais foi
gratificante e os aproximou não apenas da
escola como também de outros pais.
Esse é o caminho que deve ser trilhado
também nas reuniões. Os pais devem ser
chamados para ajudar na escola. Mas a
educadora ressalta “que a reunião de pais
sozinha não faz a qualidade da relação entre
família e escola”.
Concluindo, Zélia reafirmou que os pais
precisam ter consciência de seu papel na
complementação da educação dos filhos, da
parte que têm na formação das crianças. E que
ao encontrarem dificuldades, há alguém na
escola para conversar com eles, para tirar
dúvidas sobre comportamento, atitudes;
enfim, que podem pedir ajuda para a escola.
“A reunião serve para divulgar tudo isso.”
Hoje prega-se que a escola se transforme,
saia do cenário transmissivo para o de
“comunidade de aprendizagem”, onde
professores e alunos têm coisas a aprender e a
ensinar. Isso exige um modelo diferente de
ensino. O objetivo não é que apenas os
professores ensinem e os alunos aprendam,
mas que toda a comunidade educativa –
professores, pais e alunos – participe do
processo de aprendizagem, estabelecendo
uma nova relação entre a escola e a família.
Formar uma comunidade de aprendizagem
exige que todos os envolvidos sejam
informados sobre os caminhos que estão
sendo trilhados. Exige compromisso,
confiança, vínculo. E o vínculo é construído
pelo conhecimento. Cada vez mais é
necessário que a escola crie espaços de
socialização e discussão sobre o trabalho
realizado. Saindo da concepção de
apresentação para a de construção. O desafio
é fazer uma escola bem relacionada com as
famílias dos alunos; não apenas trazer os pais
para a escola, mas fazer com que eles
entendam a escola de seus filhos. A reunião
de pais pode ser um dos momentos para isso.
COMO É NA REDE DE SANTO ANDRÉ
REFLEXÃO SOBRE O TEMA
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Celso Luiz
Zélia Cavalcanti:
“a reunião pode
ser fundamental
para os pais se
aprimorarem
como educadores
dos filhos”.

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