22 de abr. de 2009

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Data comemorativa : 10 de Agosto


Lourenço era diácono da Igreja de Roma pelos anos 250. Tinha como encargo administrar os bens da Igreja, bem como auxiliar os pobres e levar a Eucaristia consagrada pelo Papa às Igrejas das vizinhanças de Roma. A sua imagem, aureolada de lenda já nos escritores bem próximos deles (como Prudêncio), nos é familiar no gesto, fixados pelos aprescos do B. Angélico na capela vaticana do papa Nicolau V, de distribuir aos pobres as coletas dos cristãos de Roma.

Esta era de fato uma das funções de diácono, e Lourenço, feito diácono pelo papa Sisto II, era o arcediago da comunidade dos diáconos romanos. É compreensível por isso que no auge da perseguição de Valeriano, o próprio pontífice, preso e conduzido ao martírio, deu ao díacono o encargo de distribuir tudo o que tinha aos pobres. Quando o imperador - se lê na Paixão - impôs a Lourenço de entregar-lhes os tesouros dos quais tinha ouvido falar, ele reuniu diante de Valeriano um grupo de indigentes exclamando: "Eis aqui os nossos tesouros, que nunca diminuem e podem ser encontrados em toda parte."


Durante a mesma época, o imperador romano, possivelmente Aureliano, não via com bons olhos o crescimento do cristianismo, considerando-o uma ameaça ao seu trono. Publicou então editos, mandando fechar e confiscar todos os lugares de culto e todos os cemitérios cristãos, bem como punir com o exílio ou a morte os dirigentes das comunidades. Foi nestas circunstâncias que Lourenço acabou sendo preso e martirizado pelo ano de 258 A esta aguda e sábia resposta ("Eis aqui os nossos tesouros, que nunca diminuem e podem ser encontrados em toda parte") fazem eco as últimas palavras do mártir, que colocado sobre um braseiro ardente e já vermelho como um tição de fogo, teria encontrado coragem de fazer uma piada: "Vira-me, dizia ao carrasco, que já estou bem assado deste lado."

Fra Angelico, "São Sisto entrega os tesouros da igreja à São Lourenço", Capela de Nicolau V, Vaticano
(clique na foto para vê-la ampliada)

O heróico testemunho de fé prestado pelo mártir foi eficazmente relembrado pelo papa Dâmaso: "chicotes, algozes, as chamas, os tormentos, as correntes, nada puderam contra a fé de Lourenço." O papa, que admirava as virtudes do mártir glorioso, edificou-lhe a segunda igreja, sob as ruínas do teatro de Pompeu, fazendo para ele a primeira exceção: nenhum mártir antes dele tinha tido igeja fora do lugar do martírio.

O diácono Lourenço sofreu o martírio a 10 de agosto de 258. Nas Atas do martírio de são Lourenço lê-se que o mártir, antes de ser posto sobre a grelha aquecida por carvões ardentes, quis rezar por Roma. A cidade foi-lhe grata por este ato de amor dedicando-lhe nada menos e trinta e quatro igrejas, a primeira delas, segundo o costume no lugar do martírio. Até mesmo os padroeiros da cidade, são Pedro e são Paulo não tiveram tanta honra.

Como explicar, portanto, a incontestavel popularidade deste mártir (em Roma até o século passado sua festa era de preceito) sem dar crédito às notícias fornecidas pela Paixão e pelos escritores do século IV?

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